terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Só pode ser brincadeira


Imagino muito bem a cena. Todas as noites, antes de encostar a cabeça (pesada) no seu confortável travesseiro, certamente, Eurico Miranda se deleita num copo de whisky 21 anos, e brinda com ar de ufania a catastrófica administração de Roberto Dinamite. Saiu um ditador, e assumiu um paspalhão incompetente que não cansa de dar mostras da sua falta de habilidade para gerir um clube da grandeza e evidência do Vasco.

Grande ídolo, e péssimo dirigente. Enquanto Eurico Miranda ainda comandava as ações em São Januário, e fazia suas peripécias sem caráter, os torcedores já vislumbravam um futuro glorioso com a chegada de Dinamite. Alguém que honrou a camisa do time como jogador, e demonstrava tanto amor pela cruz de malta, seguramente, seria a melhor opção para assumir a cadeira de presidente. Ledo engano. E um engano que vem custando caro. Alguns milhões.

O goleiro Fernando Prass, mesmo sendo um dos líderes do time, não suportou a bagunça administrativa e procurou outros rumos. Agora, o time segue sem goleiro, e com mais um imbróglio judicial. Sem falar no ex-jogador Edmundo que também já acenou com a possibilidade de procurar a justiça pelo atraso de três meses de uma dívida antiga. Atrasos salariais que continuam assombrando São Januário, e que pode levar mais um ídolo para fora do clube; Juninho Pernambucano.

Contudo, os atrasos recorrentes dos salários não é a única controvérsia da gestão Dinamite. Quem não se lembra dos caminhões pipa abastecendo São Januário? Que torcedor ainda não se pergunta onde está o dinheiro referente à venda de Rômulo, Alan, Fágner e Diego Souza? E que torcedor engoliu a exclusão de São Januário como a sede do rúgbi nas Olimpíadas?

É fato que Dinamite tenta sempre responder as perguntas. Já até convocou algumas coletivas de imprensa para minar certas dúvidas. Mas, são sempre respostas que em nada esclarecem os fatos.

Durante muito tempo acreditei na balela pregada por Dinamite, que jogava sempre para a gestão anterior a péssima condição financeira do Vasco. O atual presidente fazia, e faz questão de esbravejar a todo instante que o time paga hoje pelos erros cometidos no passado. Entretanto, deixei de acreditar definitivamente nessa conversa fiada quando não tive a resposta da última pergunta acima.

A situação atual do Vasco se deve, exclusivamente, ao fracasso da gestão Dinamite. São Januário seria a sede dos jogos de rúgbi das Olimpíadas. Era a garantia mais viável do clube para conseguir ampliar e modernizar o estádio. Até o "exímio" presidente deixar de apresentar a documentação necessária para tornar São Januário parte dos jogos Rio2016. Ninguém pediu que Roberto Dinamite entregasse uma mala de dinheiro para começar a modernização (até porque as obras não seriam arcadas pelo Vasco). Pediu apenas que apresentasse o projeto no prazo estipulado. Disso, ele também foi incapaz. Não defendo um ditador em detrimento de um dirigente inábil, mas estou certa de que Eurico Miranda não perderia esta oportunidade.

E, enquanto me preocupo com os rumos do Vasco, Roberto se dá ao luxo de brincar de gato e rato com Romário. Ao invés de buscar soluções para as trapalhadas, que parecem não ter fim, Roberto agora quer a estátua do baixinho abaixo. Não era o momento para mais uma rusga. É fato que nunca concordei com essa estátua atrás de um dos gols de São Januário, haja vista que a lista de grandes ídolos do clube era extensa, e escolher apenas um para homenagear seria, no mínimo, deselegante. Mas, quem não tem problemas procura um para apimentar a vida. Ao que parece, com Dinamite anda tudo muito tranquilo.

Acreditei que Roberto devolveria ao Vasco seu lugar de origem, e até o fez, mas só durou o tempo da sujeira se acumular demais e começar a sair debaixo do tapete. Agora, estou certa de que ídolo deve se limitar ao quadro na parede e as lembranças da sala de troféu. O fato de ter sido consagrado nas quatro linhas não faz de ninguém capaz de gerir um clube de futebol que movimenta milhões a cada mês, leva consigo milhares de funcionários, e uma torcida apaixonada e ávida por resultados.

Roberto falhou, falha, e vai continuar manchando a história do Vasco, e a sua estima perante a torcida. O mel foi demais, e me parece que ele se lambuzou. Para quem assumiu o clube pregando a não perpetuação no poder, ao passo que Eurico saía depois de oito anos, Roberto já confabula em busca da sua segunda reeleição.

Enquanto isso, aos amigos vascaínos, esperemos as cenas dos próximos capítulos. E, certamente, iremos nos impacientar com mais uma aberração cometida pelo mandatário. Enquanto aos amigos de outro time, podem rir da nossa desgraça.