terça-feira, 27 de novembro de 2012

TRIcampeão


A última etapa, em Interlagos, premiou uma das mais emocionantes temporadas da Fórmula 1, e compensou o enfadante ano de 2011. Como a esperança é a última que morre, Fernando Alonso chegou ao Grande Prêmio do Brasil se agarrando numa remota possibilidade de se sagrar tricampeão. Afinal, na instabilidade de uma corrida de automóvel, o impossível é bem palpável. E por alguns breves momentos, o que parecia distante esteve nas mãos do Espanhol da Ferrari. Foi quando, na primeira volta, Sebastian Vettel, que largou na 4° posição, caiu para último depois de se envolver numa batida com Bruno Senna. Justamente o sobrinho do maior ídolo do Alemão poderia ser o responsável por tirar de Vettel o tricampeonato. Neste momento, estava na Espanha, na Ferrari, estava com Fernando Alonso o troféu de melhor da temporada.

Mas, não durou muito. A sorte, que por tantas vezes acompanhou Alonso, desta vez estava com Vettel. Já estava fadado a ser o mais jovem tricampeão de Fórmula 1. E assim foi. Jovem, e já consagrado. Apesar da pouca idade, Sebastian Vettel já figura entre os grandes nomes do automobilismo. Com o título da temporada 2012, o alemão deixa pra trás Ayrton Senna, que era o mais jovem tri da F1, com 31 anos. Além disso, agora figura ao lado do compatriota Michael Schumacher e ao argentino Juan Manuel Fangio com três títulos em sequência.

Em Interlagos, no Brasil, ao menos para nós brasileiros, Sebatian Vettel precisou dividir as atenções com Felipe Massa, que voltou a subir no pódio depois de uma temporada sem brilho e a sombra do companheiro de escuderia Fernando Alonso. O terceiro lugar conquistado reacende a esperança de uma nova temporada mais proveitosa para Massa, e mais empolgante para os brasileiros. Contudo, para quem já esteve por diversas vezes no lugar mais alto, e que chegou a brigar pelo título, comemorar a terceira colocação é atestar o fracasso.
 




sexta-feira, 23 de novembro de 2012

FIM





Era consenso a falta de competência de Mano Menezes para dirigir a Seleção brasileira, sobretudo diante dos maus resultados. Porém, a demissão do técnico acontece num momento inoportuno, e escancara o lamaçal político que está afundado o futebol brasileiro.
 
A torcida esbraveja desde os primeiros momentos do técnico no comando da seleção. As inúmeras convocações sem sentido, o fracasso na Copa América e nas Olimpíadas, os jogos vexatórios diante de seleções sem muita expressão no cenário mundial, as derrotas para adversários com nível técnico mais elevado, e a supervalorização de uma goleada diante das fracas seleções de China e Iraque, marcavam a trajetória do ex-técnico do Corinthians. Tudo isso, resultou na pior derrota, não de Mano, mas da seleção. A queda histórica no ranking mensal da FIFA.
 
A torcida esperava a decisão tomada na tarde de hoje desde meados de 2010 - o técnico foi admitido no dia 10 de agosto de 2010- mas o desejo do torcedor era veementemente ignorado pelas "autoridades" da CBF.
 
Por isso, me estranha que a queda de Mano tenha vindo só agora. Exatamente no momento em que a fase das atuações medonhas ficava para trás, e a seleção começava a apresentar um futebol mais consistente, e coerente com a representatividade da equipe.
 
Nunca achei, e continuo acreditando que Mano não era o melhor para a seleção. Por várias vezes, diante de várias situações, se mostrou arrogante e agiu como alguém que simplesmente acatava ordens de mandatários, e convocava jogadores pelo fato de serem agenciados por empresários "amigos" - sobretudo na visão dos torcedores. Mas porque a decisão de demitir o treinador aconteceu as barbas da Copa das Confederações? Porque não foi tomada depois das olimpíadas e Copa América, ao passo que Mano dava clara demonstração da sua incompetência?
 
Esses são os bastidores do esporte. E como num show de rock, em que só sabe as manias dos artistas quem tem acesso ao camarim, provavelmente nós jamais teremos a resposta desses porquês. Teremos que nos contentar, no máximo, com as especulações, ou esperar que algum desentendimento entre os envolvidos na arapuca traga a verdadeira razão da demissão a tona.
 
Com Mano fora, a vaga de treinador da "antiga" seleção mais temida do mundo está em aberto. Alguns nomes já começam a ganhar força para assumir o cargo. O técnico do Corinthians, Tite, surge como um dos nomes mais fortes. No próximo mês, o treinador embarca com a equipe corinthiana para o Japão, onde disputa o título do Mundial Interclubes. Boa notícia para os torcedores da Fiel. Se por um lado correm o risco de perder o treinador, por outro, terão um Tite ainda mais ávido pelo título.


Muricy Ramalho pode ter a segunda chance. Vale lembrar que Mano só assumiu o cargo após a rejeição do, na época, técnico do Fluminense. Hoje no Santos, Muricy certamente aguarda ansioso um novo convite. Desta vez, é melhor o técnico nem pensar em negar, afinal, o raio até cai duas vezes no mesmo lugar, a terceira já abusa do bom senso.


O terceiro nome até escapou da segunda divisão, mas continua desempregado. Luiz Felipe Scolari, que deixou o palmeiras chafurdado na zona do rebaixamento do Campeonato brasileiro, tem o aval de muitos torcedores para assumir o cargo. Durante os últimos jogos da seleção, o nome de Felipão era incessantemente lembrando nas arquibancadas, seja por cartaz ou gritos da torcida. Em 2002, o técnico comandou a equipe que trouxe o Pentacampeonato do Mundial do Japão/Coréia.

O último a compor o "quarteto fantástico", é o técnico campeão brasileiro de 2012 pelo Fluminense, Abel Braga. Entretanto, o treinador acabou de renovar o contrato com o tricolor, talvez esse seja um empecilho para que Abelão passe a convocar os integrantes da seleção canarinho. OBS: Aposto que o Fred ia adorar. Se na era Mano o atacante, craque do brasileirão, foi por várias vezes esquecido, na Era Abel, certamente, o camisa 9 da seleção já estaria definido.

Neste fim de ano, o Papai Noel terá que dividir espaço com as especulações sobre o novo treinador da seleção brasileira. Entre um brinde e outro, deem os palpites. Afinal, a CBF só deve anunciar o próximo treinador em janeiro. Se estivéssemos no velho continente, seguramente, as casas de aposta já estariam com filas na porta, e a minha seria em Muricy Ramalho.

Mas bem que podia ser o Guardiola...
          

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Rumo ao Hexa



Na noite desta quarta-feira, a seleção brasileira enfrentou os Hermanos Argentinos no caldeirão de La Bombonera, pela última partida do Clássico das Américas. Na segunda edição do Clássico, o Brasil levantou a taça pela segunda vez, e confirmou a freguesia Argentina. Apesar deste post se referir a seleção brasileira, não vou entrar em detalhes sobre o jogo de ontem, quero apenas escrever sobre a seleção da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, e que em nada lembra o time que entrou em campo para enfrentar a Argentina no estádio do Boca Juniors.  

O fim da Era Dunga a frente da seleção Canarinho representou a esperança de um novo tempo, após uma frustrante eliminação na Copa do Mundo de 2010. Mano Menezes, então técnico do Corinthians, assumiu a seleção brasileira com a promessa de que montaria um time arrojado, de velocidade, habilidoso e, principalmente, que jogasse pra frente.

Nesses anos de trabalho não houve quem não reclamasse, não pedisse a saída do técnico, ao passo que a seleção, acostumada a grandes conquistas e a admiração do adversário, caía solidamente na escala das maiores seleções do mundo, chegando a assumir a 14° posição no ranking da FIFA – a pior da história. Algo inadmissível para a pátria de chuteiras, que viu Pelé, Garrincha, Zico e Ronaldo, e que assistiu encantado a seleção de 70 e 82.

As convocações de Mano eram incisivamente criticadas. Os jogos amistosos, a maioria deles com adversários de nível técnico muito inferior, eram razão de chacota. A seleção até vencia, mas não convencia. O futebol prometido por Mano na sua chegada a seleção não existia. O que se via eram partidas sem entusiasmo, e uma seleção sem brilho.

Os brasileiros não acreditavam na seleção canarinho, e morando no Rio de Janeiro, ouvi cariocas indignados pela cidade sediar apenas a final da Copa do Mundo. Assim, o Rio só receberia a seleção caso chegasse a final. Possibilidade veementemente afastada pela grande parte das pessoas que conversei. A descrença era total.

Confesso que, como brasileira e torcedora corneteira, também tive os meus momentos de frustração e indignação com o técnico Mano e com as atuações pífias da Seleção. Mas, deixando o lado emocional e pensando apenas com a razão, nunca compactuei com a indignação dos cariocas. A seleção jogará sim no Rio de Janeiro, e o Maracanã será o palco da festa do Hexa.  Tingido de verde e amarelo, mais de 50 mil vozes irão apagar as marcas do Maranazo de 50 do emblemático estádio. Depois de 2014, as memórias só remeterão os brasileiros ao Hexa campeonato no antigo maior do mundo. Não digo isso apenas como uma brasileira esperançosa, mas como alguém que vê a seleção canarinho como uma das melhores do mundo.

Nos acostumamos com seleções de drible fácil, e de habilidade incontestável. Nos acostumamos com seleções que faziam torcedor adversário aplaudir de pé, e o próprio adversário fazer reverência. E assim queremos que seja sempre.  Mas, os tempos mudaram, e precisamos nos adaptar as mudanças. Não estamos mais na década de 50 e 60, que quase, ou senão todos os jogadores da seleção brasileira jogavam no Brasil. Não estamos mais na época em que a base da seleção era formada por jogadores de Vasco, Botafogo, Santos, ou qualquer outro time brasileiro, o que contribuia para um entrosamento mais rápido e eficaz. 

A seleção hoje é uma construção, um trabalho que exige tempo e paciência. O tempo passou, e o Brasil de hoje mostra maturidade e entrosamento. Características fundamentais para o sorriso do torcedor. Depois de tantas tentativas, de inúmeras convocações frustradas, de jogadores que não corresponderam, Mano Menezes, enfim, encontrou a formação que, ao que tudo indica, levará a Copa das Confederações e a Copa Mundo – com exceção de algumas posições ainda indefinidas, como goleiro e centroavante.

São mais três amistosos até a Copa das Confederações, e a seleção está pronta. Afinal, um time que tem Neymar, Kaká, Marcelo, Oscar, Lucas, Thiago Silva e cia, não pode ser tratado como coadjuvante. Mesmo nos maus momentos, há de se respeitar uma seleção com tantos craques.